Resumo

O trabalho tem como objetivo socializar estudo em desenvolvimento sobre parte do acervo bibliográfico do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP). Essa entidade privada e sem fins lucrativos, fundada em 3 de maio de 1900, encontra-se instalada no prédio conhecido como Solar do Barão de Guajará, edificação histórica de influência neoclássica tombada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN/atualmente IPHAN) em 5 de outubro de 1943. Nos estatutos de 1900, 1940 e 1964 a preocupação com o desenvolvimento das coleções sobre Geografia, História, Etnografia e outros domínios disciplinares que permitissem construir uma base de conhecimentos sobre a dimensão social, cultural, política e física do Pará, da Amazônia e do Brasil manteve-se como elemento norteador da missão do IHGP. Em razão do reconhecimento do valor das fontes documentais e bibliográficas para a pesquisa, o prédio do Instituto dispõe de biblioteca, arquivo, reserva técnica destinada ao acondicionamento e gestão de objetos museológicos, além de um setor iconográfico que abriga mapas e fotografias. Por ocasião da reforma levada a cabo pelo projeto Monumental entre 2009-2014, as coleções do IHGP foram submetidas a um período marcado pela desordem e pela poeira decorrente das obras. Em 2018, por meio da parceria entre Biblioteca Benedicto Monteiro e o curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Pará (UFPA), parte do patrimônio bibliográfico dessa entidade tornou-se objeto de ação extensionista: os livros que pertenceram a Domingos Antônio Raiol (1830-1912), o Barão de Guajará. Diante do exposto, no plano teórico este trabalho é orientado pelo conceito de patrimônio cultural, patrimônio bibliográfico e obra rara, tomando por base o sentido dessa coleção para a memória do IHGP. No nível metodológico, o trabalho é sustentado pela pesquisa bibliográfica e pelos dados recolhidos entre março e novembro de 2018 de um total de 338 impressos. Esses dados dizem respeito, sobretudo, à autoria, ao título, ao idioma, à encadernação e ao estado de conservação da coleção. Clássicos da literatura, do teatro, da história e da política escritos em língua francesa destacam-se em meio a títulos escritos sobre autoeducação masculina, moral e tratados antropométricos, entre outros temas. Assim, os resultados apontam que, em sua dimensão material, a coleção consiste num registro da percepção do estabelecimento da educação sob cunho nacionalista, dos modos de pensar e viver das elites nos períodos imperial e republicano, instruída e entretida no âmbito doméstico pela importação da cultura escrita europeia, tal como a biblioteca apresenta.