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Título
REFORMAS EDUCACIONAIS PÓS-1990: considerações sobre a produção de pesquisadores-intelectuais (2000-2018)
Autor(res)
Rosana Maria de Souza Alves
Resumo
Partindo da interrogação acerca de como o campo educacional tem produzido e interpretado o fenômeno das reformas educacionais brasileiras a partir dos anos 1990, o estudo objetiva examinar o comparecimento da temática nas publicações realizadas por pesquisadores-intelectuais no período de 2000 a 2018. Indo além das análises que as interpretam estritamente em termos de sucesso ou fracasso, proponho construir uma inteligibilidade para as lutas sociais pela definição da escola ideal (VIDAL, 2007), que vem sendo constantemente atualizadas e se apresentam nos embates em torno da legislação. Nesse sentido, tão importante quanto enfatizar as intencionalidades governamentais, afigura-se a preocupação em realçar que tais processos são marcados por procedimentos de resistência, de tensão, de adesão parcial, de apropriação que emergem a partir das experiências dos sujeitos sociais (CHARTIER, 1990; THOMPSON, 1981). Para problematizar essas experiências, utilizo como fontes as teses e dissertações publicadas pela CAPES, os anais dos congressos da ANPED e SBHE, e os artigos disponibilizados na base SciELO. A confrontação dessas narrativas justifica-se pela problematização das lutas desencadeadas a partir dos dispositivos legais e do cotidiano escolar, cujo debate encontra-se ligado ao papel desempenhado pela circulação de ideias no campo, tido como espaço de legitimação de saberes e de práticas educacionais em disputa. O levantamento revelou que, predominantemente, a literatura nacional consiste de ensaios e estudos de caso. Tem crescido a preocupação com as avaliações em larga escala, a formação de professores/trabalho docente e as políticas para o ensino médio. As pesquisas que relacionam o movimento reformista mais amplo à emergência de políticas específicas vêm ganhando força, o que pode sinalizar para a superação das concepções que homogeneízam os pressupostos e efeitos de todas as políticas educacionais. Alguns estudos relacionaram reformas brasileiras e estrangeiras ou confrontaram as reformas nacionais aos contornos assumidos nos diferentes estados. Aumentou a preocupação em analisar o discurso como elemento que atua na construção do fenômeno, partindo da consciência de que, para funcionar, as reformas precisam encontrar justificativa e respaldo nos costumes (THOMPSON, 1987). Em caráter conclusivo, aponto que o estudo sobre as estratégias utilizadas na busca pela formação de consensos, aliado à compreensão acerca das racionalidades que sustentam os enunciados das propostas renovadoras contribuem para a compreensão das reformas como práticas que envolvem saberes e poderes em permanente disputa na arena política, econômica, social e educacional
Palavras-chave
Reformas educacionais
|Escola ideal
|Pesquisadores-intelectuais