Autor(res)

José Antunes Marques

Resumo

Joaquim de Sousa Andrade - Sousândrade, o consagrado poeta maranhense nascido em 9 de julho de 1832 é identificado tradicionalmente como pertencente à segunda geração do Romantismo brasileiro. Contudo, ele apresenta uma personalidade muito mais compatível com os modernistas de 1922, além de poder ser considerado como um intelectual que teve uma atuação significtiva em favor da educação pública no Maranhão. Ao longo dos seus 68 anos de vida, o autor de O Guesa foi figura extravagante na sociedade brasileira, no período do Segundo Reinado. Republicano e abolicionista, professor no Liceu Maranhense, lutou por longo tempo em favor da criação da “Atlântida”, uma universidade popular que seria uma nova Atenas. Com a República, na condição de intendente Municipal de São Luís, presidiu a Comissão encarregada de elaborar o projeto de Constituição do Estado do Maranhão, implementando uma reforma do ensino, contemplando, entre outras novidades, a fundação de escolas mistas, além de ter idealizado a bandeira do Maranhão com três cores – branco, preto e vermelho -, representando a mistura étnica. Filho de grande fazendeiro produtor de algodão, Sousândrade teve uma formação diferente da grande maioria dos filhos da elite maranhense. Ao contrário dos seus contemporâneos, não se dirigiu a Coimbra para obter o diploma em Direito. Estudou em Paris, na Sorbonne, graduando-se em Letras e, posteriormente, em Engenharia de minas. Cosmopolita, passou bom tempo viajando pela Europa e passou a morar em Nova York, em 1871, onde foi secretário e colaborador do periódico O Novo. De volta ao Brasil, retornou ao Maranhão onde se casou e passou a viver como fazendeiro e produzindo poesias. Ancorado teoricamente em Belkis Souza Bandeira e Avelino da Rosa Oliveira, analisamos a obra e a biografia de Sousândrade a partir do conceito de formação cultural numa aproximação deliberada do termo alemão Bildung. Nos quadros do projeto de pesquisa “Modernização sabotada: Formação cultural, escolaridade e ruptura em Sousândrade”, estamos investigando a performance do poeta maranhense na sua condição de poeta e intelectual que implementou reformas educacionais inovadoras para o seu tempo. Ao acompanhar a escolaridade e formação cultural de Sousândrade, estamos investigando o esforço por ele desprendido para se libertar, enquanto cidadão e intelectual, dos mecanismos coercitivos da sua socialização na sociedade maranhense do século XIX, tendo chegado a fazer proposições precoces no campo do pensamento educacional brasileiro, ainda que não efetivamente institucionalizadas.

Palavras-chave

Sousândrade

Formação cultural

Intelectuais e educação