Resumo

O marco de investigação deste estudo é analisar a cultura material escolar e as representações de educação contextualizada na cartilha “Viver é Lutar” produzida pelo Movimento de Educação de Base para os Sistemas Educativos Radiofônicos do Brasil. A Abordagem da Nova História Cultural com o uso das representações teóricas e metodológicas em Chartier (1990), Chartier (1991) e a cartilha enquanto um objeto de consumo em De Certeau (2014; 2010); são usados para o refinamento teórico e metodológico dessa pesquisa. Dentre os diversos documentos localizados no Centro de documentação Professor Casemiro dos Reis Filho - (CEDIC – PUC – SP), identificou-se a cartilha escolar “Viver é Lutar”, que obteve como análise dos dados o uso das representações metodológicas de Chartier no âmbito da estrutura, forma, frequência e dispositivo, enquanto, elementos constituidores que possibilitaram compreender esta cartilha enquanto um dispositivo de contextualização sobre o ensino para os jovens e adultos. Nos resultados dessa investigação, a cartilha escolar “Viver é Lutar” foi produzida nos primeiros anos de trabalho pelo Movimento de Educação de Base em 1961 com o intuito de alfabetizar os educandos jovens e adultos nos mais variados Sistemas Educativos Radiofônicos do Brasil. Em sua estrutura e forma, ela apresenta mais de 30 lições que estão estruturadas da seguinte forma: duas colunas, sendo que do lado esquerdo de cada lição na cartilha existem imagens referentes a temas da realidade brasileira e dos educandos jovens e adultos sobre “Trabalho”; “Luta” “Direitos” “Família” “Reinvindicação”, dentre outros temas. Ao lado direito utiliza-se pequenos textos referente a uma temática articulada a cada imagem da lição, abaixo das imagens e textos existem atividades de gramática com perguntas problematizadora sobre os textos e suas respectivas imagens. Conclui-se, portanto, que a cartilha escolar “Viver é Lutar” é um elemento da cultura material escolar que possui representações de educação contextualizada, ou seja, foi produzida de acordo com a realidade brasileira dos educandos jovens e adultos participes dos Sistemas Educativos Radiofônicos do Brasil, no entanto, a partir de 1964 essa cartilha vai obter uma representação de educação subversiva pelo regime ditatorial, pois em todas as suas lições as representações de educação contextualizadas estão relacionadas à valorização dos sujeitos sobre a produção de conhecimentos relacionados à “luta”.